E uma voz do céu disse: “Este é meu Filho amado, que me dá grande alegria”.
Mateus 3:17
Ser Simplesmente Filha, até essa chave virar e entender essa verdade tão profunda e maravilhosa foi um longo processo.
Desde o início desse ano venho passando por algumas mudanças em meu ambiente de trabalho que me fizeram refletir bastante, mas ainda não sabia como escrever sobre isso. No início desse mês de março iniciei na oitava turma da Casa de Isabel, ministrada pela Pr. Viviane Martinello, que se tornou uma referência para mim de busca por intimidade com Deus, quando a conheci no final de 2019.
O primeiro módulo do curso tem exatamente esse título: SIMPLESMENTE FILHA e entendi que se encaixava perfeitamente com o tempo que estava vivendo e o que Deus estava gerando dentro de mim.
A minha primeira experiência com esse conceito de me entender como filha de Deus, registrei em um dos meus diários no dia 27 de janeiro de 2021, era um dia em que eu estava muito angustiada com o momento que estava vivenciando, estava no carro e no percurso eu pensei/orei assim: “Pai diz que me ama, eu preciso do seu amor, me sentir amada, só o seu amor preenche o meu vazio, então diz que me ama por favor?”
No outro dia pela manhã no meu devocional a palavra que veio foi exatamente esse versículo acima (Mateus 3:17). Na hora eu pensei, será que é pra mim? Lembrei da oração que tinha feito, contudo, pensei assim: “não, isso foi para Jesus, não para mim”, porque eu não me sentia digna. E logo depois, ao abrir a devocional Mulher de Fé da Sheila Walsh, que estava lendo na época, estava escrito assim:
“ A graça de ser amada! Romanos 3:22-24”
Somos declarados justos diante de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, e isso se aplica a todos que crêem, sem nenhuma distinção.
Pois todos pecaram e não alcançam o padrão da glória de Deus,
mas ele, em sua graça, nos declara justos por meio de Cristo Jesus, que nos resgatou do castigo por nossos pecados.
Romanos 3:22-24
“De todo o meu coração, estou lhe dizendo que você é amada da mesma forma que nos dias em que sentiu que fez um bom trabalho e nos dias que sabe que estragou tudo. Você é amada e sempre será amada, e vou amá-la e perdoá-la até o fim”
Quando li isso fiquei encantada, eu vi Deus responder minha oração de forma tão clara e maravilhosa, foi uma experiência incrível na qual me senti grandemente amada e isso me fortaleceu tanto, que não tem como explicar. Desde esse período minha caminhada com Deus tem sido intensa e maravilhosa, eu o conhecia de ouvir falar, mas hoje o conheço intimamente e ele me fez enxergar o quanto sou amada, escolhida, remida por ele. Deus restaurou a minha verdadeira identidade.
E pensando nessa palavra, identidade, quantos títulos, rótulos podemos nos atribuir ou permitir que outros o façam, de forma que se não compreendermos o que isso representa de fato, podemos nos perder em meio a tantas colocações.
As minhas reflexões sobre meu ambiente de trabalho começaram quando eu me vi saindo de uma posição de liderança de uma equipe em uma unidade que agora estava finalizando o seu ciclo. O meu título era Farmacêutica, pós-graduada, líder de equipe, entretanto com todas essas mudanças, me vi sendo transferida para outra unidade na qual de certa forma estaria submetida à outra liderança, uma condição aparentemente sem um lugar específico para mim sabe, eu me peguei um dia usando a senha de várias pessoas de acordo com a necessidade exigida em contraste com a realidade anterior de ter tudo em meu nome e de certa forma decidido por mim.
Resumidamente para não entrar em tantos detalhes, eu vi aquela “identidade” sendo desconstruída. E me peguei pensando “Deus não tem nada aqui que use o meu nome, eu ocupo funções de outras pessoas, parece que não tem lugar para mim” e naquele momento o Espirito Santo me levou ao contexto de Daniel e seus amigos.
No terceiro ano do reinado de Jeoaquim, em Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio a Jerusalém e cercou a cidade.
O Senhor lhe deu vitória sobre Jeoaquim, rei de Judá, e permitiu que levasse para a terra da Babilônia alguns dos utensílios sagrados do templo de Deus. Nabucodonosor os colocou na casa do tesouro de seu deus.
O rei ordenou que Aspenaz, o chefe de seus oficiais, trouxesse ao palácio alguns dos jovens israelitas da família real e de outras famílias da nobreza.
Disse o rei: “Escolha somente rapazes saudáveis e de boa aparência, que sejam instruídos em diversas áreas do conhecimento, que tenham entendimento e bom senso e sejam capacitados para servir no palácio real. Ensine a esses jovens a língua e a literatura da Babilônia”.
O rei determinou que recebessem de suas próprias cozinhas, uma porção diária de alimento e vinho. Os rapazes seriam treinados durante três anos e depois passariam a servir ao rei.
Daniel, Hananias, Misael e Azarias, todos da tribo de Judá, estavam entre os escolhidos.
O chefe dos oficiais lhes deu novos nomes babilônios: Daniel passou a ser chamado de Beltessazar; Hananias, de Sadraque; Misael, de Mesaque; Azarias, de Abede-Nego.
Daniel, porém, decidiu não se contaminar com a comida e o vinho que o rei lhes tinha dado. Pediu permissão ao chefe dos oficiais para não comer esses alimentos, a fim de não se contaminar.
Daniel 1:1-8
Nesse momento eu entendi que assim como nessa situação de Daniel, em muitos casos em que um povo era levado cativo de guerra, eles tinham que se submeter à liderança dos seus conquistadores e estes, por sua vez, faziam questão de lhes ensinar a sua cultura e até mudar os seus nomes, ou seja, a identidade deles era modificada.
Não sei se é loucura, mas eu entendi que no meu caso, essa desconstrução que Deus estava permitindo na minha vida, era uma desconstrução semelhante ao que ocorreu com Daniel e seus amigos, porém, não com um intuito maligno como no caso deles, mas era o próprio Deus desconstruindo os rótulos que eu achava que me definiam para me fazer entender que por baixo de todos esses títulos, havia o título mais importante de todos e que deveria ser o principal na minha mente e na minha vida, o título de ser Simplesmente Filha.
Daniel e seus amigos sabiam disso, por mais que seus nomes fossem trocados, por mais que os costumes ali eram outros e até mesmo a comida, eles sabiam desde muito jovens quem eles eram e o Deus que eles serviam e por isso eles se posicionam para preservar a verdadeira identidade deles, Deus se agrada disso e os ajuda a se manterem fiéis.
Durante aqueles dias eu fiquei pensando muito sobre isso. Nós somos incentivados e ensinados pelos nossos pais de forma muito sábia e justa a estudar, buscar sermos homens e mulheres de bem que trabalham dignamente. Tudo isso é correto, porém, nessa busca nós podemos, se não vigiarmos, nos perdermos e achar que títulos e rótulos temporários nos definem. E quando a vida anda e as coisas mudam se não tivermos nossa identidade firmada em quem de fato somos, podemos não resistir às mudanças e ou sucumbir pelas perdas, ou mesmo nos deixar contaminar com a cultura e as coisas desse mundo.
Quando falo de títulos e rótulos podem ser vários, seja profissional, ministerial ou até mesmo no contexto familiar como mãe, pai, esposa, marido, enfim. Entende que esses títulos podem mudar de alguma forma? Eu posso estar em um contexto profissional hoje e amanhã ser despedida, ou mudar de carreira, posso ser esposa hoje e posteriormente estar viúva ou separada; posso ter um ministério hoje e um dia ele acabar, ou mudar, enfim, muitas são as realidades que podem se apresentar e modificar a vida de uma pessoa.
Contudo, há um título que nunca vai mudar, aconteça o que acontecer, passe o tempo que passar. Somos filhos amados de Deus e ele nos ama com amor incondicional, não é pelos títulos que carregamos ou o que fazemos, ele nos ama por quem ele é. Claro que esse amor nos transforma e nos faz querer mudar da vida que levamos quando ele nos encontrou e resgatou para uma vida de santidade. Não entrando nesse mérito, o que eu entendi é que antes de qualquer título na Terra que eu possa ter, o MAIOR e mais importante é o de ser Simplesmente Filha.
É muito necessário entender isso, para estarmos disponíveis para viver o chamado que Deus preparou para cada um de nós. Muito se pergunta hoje sobre qual o seu propósito na vida, há uma busca por encontrar essa resposta. Quando aceitamos Jesus e verdadeiramente o colocamos como SENHOR das nossas vidas o nosso propósito fica muito claro. Se somos feitos filhos de Deus como Jesus, o nosso propósito passa a ser a missão de Jesus que era fazer a vontade do Pai.
Pois desci do céu para fazer a vontade daquele que me enviou, e não minha própria vontade.
João 6:38
O primeiro passo em direção ao cumprimento do seu propósito de vida é entender que você é como Jesus, simplesmente filho (a), partindo desse pressuposto e do versículo acima, o próximo passo é seguir na dependência do Espírito Santo, obedecendo e fazendo a vontade dele, compreendendo que nem sempre a vontade dele vai ser igual a sua vontade, nem sempre vai ser a vontade dos outros para você. Se estivermos apegados aos títulos e rótulos da Terra sejam colocados pelos outros ou por nós mesmos, nunca conseguiremos fazer a vontade do Pai e caminhar no propósito que ele designou para cada um de nós.
Muitos querem encontrar o seu propósito, mas nem todos querem se submeter às desconstruções e renúncias necessárias para vivê-lo. Que possamos estar abertos a nos submeter às construções, desconstruções e reconstruções de Deus para viver a sua vontade boa, perfeita e agradável. Aleluia!