Neste final de semana assisti a um filme antigo (1992) muito bom. Eu e meu gosto por músicas e filmes antigos rsrsrs, o filme se chama na versão brasileira: QUESTÃO DE HONRA e aborda de uma forma bem interessante o ideal de justiça e defesa da nação a qualquer custo, fazendo-nos refletir desde até que ponto é necessário e prudente ir em busca da verdade e da verdadeira justiça até sobre o papel do homem e da mulher dentro da sociedade nos mais diversos níveis existentes.
O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e precedendo a honra vai a humildade.
Após um soldado morrer acidentalmente em uma base militar, depois de ter sido atacado por dois colegas da corporação, surge a forte suspeita de ter existido um “alerta vermelho”, uma espécie de punição extraoficial na qual um oficial ordena a subordinados seus que castiguem um soldado que não tenha se comportado corretamente. Quando o caso chega aos tribunais, um jovem advogado Daniel Kaffee interpretado por (Tom Cruise) resolve não fazer nenhum tipo de acordo e tentar descobrir a verdade.
Para quem conhece o enredo do filme sabe que nessa busca pela verdade o advogado Daniel Kaffee, seu assistente e amigo e a tenente Joanne Galloway interpretada pela atriz (Demi Moore) mergulham fundo para compreender o que aconteceu naquela base de Guantánamo em Cuba e fazer justiça para o soldado morto e também para os soldados acusados de assassinato que como se descobre durante o filme, estavam apenas cumprindo ordens de uma superioridade rígida e bem definida que não aceitaria o contrário e que enxerga no chamado código vermelho um ideal de unidade e cumprimento do dever.
Dentro desse interessante enredo cheio de reflexões quero me concentrar melhor nas duas figuras que protagonizam o longa (Tom e Demi) e seus papéis de homem e mulher dentro desse contexto.
Primeiro, a personagem de Demi nos encanta pelo seu destaque como mente pensante e que questiona o sistema em que está inserida, abraçando esse caso e enxergando nele algo muito além do que as evidências mostram, ela como advogada, num contexto de final da guerra fria se coloca à disposição para defender o caso. Entretanto, talvez por ser mulher nesse contexto e pela aparente falta de interesse dos seus superiores no caso, outro advogado é designado para defender o caso.
Entra em cena então o personagem de Tom que ao contrário de sua colega, não tem interesse por um julgamento ou por se aprofundar na justiça que o caso merece, contudo, à medida que o filme avança é interessante ver a evolução do personagem de um jovem rico, egoísta que se importa apenas com seus próprios interesses pessoais e só quer passar de fase para o futuro promissor que o aguarda, para um homem que vai até as últimas consequências para defender uma causa e a verdade.
Muito do que vemos da evolução desse personagem se dá pela influência muito bem colocada (embora impulsiva às vezes) da personagem de Demi, é nítido como ela infunde nele com o decorrer do filme esse senso de busca pela verdade e justiça.
Por outro lado, temos os cabos acusados do crime, especialmente o cabo Dawson que quando proposto pelo advogado um acordo, nega veementemente, assumindo o risco de um julgamento entendendo que o ideal que ele defendia era maior, apesar disso, se considera inocente e quer ser julgado como tal, mesmo sabendo dos riscos de sua punição ele não escolhe o caminho mais fácil, mas um caminho de defender a honra a qualquer custo.
Para um advogado iniciante como Daniel Kaffee acostumado a defender suas causas com acordos rápidos e sem grande trabalho, ele agora enfrenta uma situação delicada, seja escolhendo o caminho mais fácil da reconciliação, ou se retirando da defesa do caso, ou o caminho mais difícil que envolveria riscos para sua carreira e sua vida pessoal.
À medida que o filme avança, observamos que Daniel escolhe corretamente o caminho mais difícil, que não o livra da dor, da crise pessoal e profissional com que tem que lidar, mas o resultado é glorioso, verdade e justiça foi feita e o crescimento como homem e como profissional é incomparável.
Se tem uma coisa que aprendi com Jesus nessa caminhada é que ele 100% das vezes vai te levar a um caminho mais difícil, quem deseja o caminho fácil, com Jesus pode esquecer e seguir outro mestre. Mas uma coisa é certa, o caminho mais difícil tem dor, mas também tem glória. Esse caminho extrai tudo de pior e de melhor que está dentro de você para que ao final reste uma pedra preciosa purificada pelo fogo.
Quando ele vir tudo que resultar de sua angústia, ficará satisfeito. E, por causa de tudo que meu servo justo passou, ele fará que muitos sejam considerados justos, pois levará sobre si os pecados deles.
Eu lhe darei as honras de um soldado vitorioso, pois ele se expôs à morte. Foi contado entre os rebeldes; levou sobre si a culpa de muitos e intercedeu pelos pecadores.
Quando procuramos histórias de personagens bíblicos como José ou Davi, observamos que eles receberam promessas grandiosas desde muito jovens, mas ser escolhido por Deus não os isentou de uma jornada longa, difícil, cheia de desafios e incertezas, porém com uma certeza que vale mais que qualquer coisa, de que ao final receberiam a promessa que lhes foi concedida por Deus porque Deus é fiel.
Outro ponto desse filme que me levou a refletir muito, foi sobre o papel de uma mulher de valor na vida de um homem. A tenente Galloway fez isso talvez até de forma inconsciente nos mostrando uma força poderosa como mulher.
Surpreendida a princípio pela falta de compromisso e honra de Daniel, ela o confronta e ao mesmo tempo vê nele algo que ele provavelmente não viu, e mesmo tendo autorização da família de um dos soldados para assumir o caso como advogada que era o que mais queria, ela decide não o tirar da posição, mas o incentiva a fazer e ser melhor do que ele achava que podia. É interessante o fato de ela como mulher, tendo inteligência e expertise não compete com ele, ela respeita a posição dele e o seu lugar na situação encorajando-o e respeitando as suas decisões por mais que pudesse não concordar com elas.
E isso me faz lembrar muito do texto que escrevi sobre mulher sábia e tola e que reflete sobre como uma mulher pode destruir ou promover um homem com suas atitudes.
Em um mundo que coloca mulheres contra os homens, querendo posicionar a mulher em um lugar de superioridade diminuindo a figura masculina ou colocando a mulher como uma figura que nasce pronta para liderar e fazer melhor que eles, a grande verdade é que ninguém nasce pronto, homens e mulheres precisam passar por processos para amadurecer e ser quem eles foram chamados para ser.
Não somos e não precisamos ser rivais, podemos ao contrário disso sermos um time em que se um ganha todos ganham. Quando a tenente aceitou o seu papel ao lado do Daniel ela não se diminuiu para que ele se destacasse, ela estava ao lado dele auxiliando, incentivando e influenciando ele a usar suas habilidades para vencer aquele caso com a verdade e justiça, se um ganha todos ganham sejam homens ou mulheres, no holofote ou nos bastidores.
A força dessa mulher é um destaque em muitas cenas, como quando ela está confrontando o coronel Jessep na visita a Cuba, ali ela precisa se impor em relação ao Daniel para fazer as perguntas que ele não queria fazer. E ao colocar o coronel contra a parede ela sofre uma tentativa de intimidação moral e sexual muito apelativa que demonstra não a força que o coronel achava que estava impondo, mas sua fraqueza e debilidade emocional em lidar com a pressão da verdade que vinha sobre ele, e a tenente de forma sem igual se mantém firme respeitando a posição hierárquica do coronel sem se abater com as palavras pejorativas e apelativas dele.
Quando uma mulher sabe do seu valor, da sua identidade não é qualquer frase de efeito que a intimida, a postura defensiva e intimidadora da outra parte só revela o quão fraca essa outra parte é, não sendo necessário se abater com isso, mas seguir firme no caminho que lhe foi proposto.
Por último, vale destacar que esse papel da tenente como mulher auxiliadora na vida do Daniel não se deveu a qualquer tipo de envolvimento romântico entre eles, interessante que o filme não precisa utilizar dessa linha romântica para destacar o papel do homem e da mulher e como a mulher pode ser uma auxiliadora incrível na vida de um homem e dela mesma. Quando ela sabe o seu valor, em vez de competir ela se dispõe a ajudar com sua inteligência e perspicácia para que o outro, seja homem ou mulher possa se desenvolver e destacar na tarefa que lhe foi confiada como no caso em questão.
Somos chamadas a sermos mulheres de alto valor que não precisam se impor ou impor suas verdades e seus direitos, podemos fazer muito melhor confiando nossas vidas a Deus que é nosso justo juiz e que a seu tempo e dentro do seu propósito poderá nos promover onde ele quiser que estejamos, podemos assumir nosso papel de auxiliadora idônea não competindo ou passando a frente mas ajudando outros homens e mulheres a serem melhores em cada lugar de atuação que estiverem para juntos e não separados construirmos um lugar, uma família, uma sociedade melhor e mais justa.