Terminei a leitura desse livro com muitas reflexões, é uma mistura de raiva pela situação que a personagem descreve mas também uma profunda reflexão sobre o que de fato é o amor, algo que já vinha refletindo através de vídeos de profissionais e pessoas que acompanho e claro principalmente através da Bíblia, foi então que me veio a seguinte frase: O amor é uma decisão, não um sentimento.
O trecho abaixo descreve a sinopse deste livro. Lembrando que inevitavelmente vou precisar falar de trechos do livro.
“Neste clássico da literatura inglesa, considerado o primeiro romance feminista, Anne Brontë (1820 – 1849) desafia as convenções sociais do século XIX. A protagonista desta obra quebra paradigmas de seu tempo como uma mulher forte e independente, que passa a comandar a própria vida. Ao chegar na propriedade de Wildfell Hall, a Sra. Helen Graham gera especulação e comentários por parte dos vizinhos.
O jovem fazendeiro Gilbert Markham, por sua vez, desperta um grande interesse pela moça e, aos poucos, vai criando uma amizade com ela e com seu filho. Porém, os segredos do passado da suposta viúva e seu comportamento arredio impedem que o sentimento nutrido pelos dois se concretize, fazendo com que Gilbert tenha dúvidas sobre a conduta dela. Quando a Sra. Graham permite que ele leia seu diário a fim de esclarecer os fantasmas do passado,o rapaz compreende os tormentos enfrentados por aquela mulher e as razões de suas atitudes. Ela narra sua história até então, desde a relação com um marido alcoólatra e de conduta abominável até a decisão de abandonar tudo em nome da proteção do filho.”
Depois de tudo que Hellen viveu com esse marido, tantas humilhações e desilusões é impossível julgá-la por fugir e priorizar o melhor para o seu filho diante dessa situação. E quando ela pensava que tudo estava se alinhando a vida a surpreendeu com algo inesperado.
Nos capítulos finais do livro, seu marido o Sr. Huntington após um acidente a princípio não tão grave encontra-se enfermo e sua esposa decide retornar para auxiliá-lo, é chocante observar a dificuldade do marido em se arrepender e ser grato verdadeiramente pelo amor de sua esposa, no fundo todos esperam uma redenção, porém, o que fica evidente no caso dele é a dificuldade do ser humano sozinho se regenerar e se arrepender, essa é uma obra única e exclusiva do Espirito Santo.
De fato Deus pode levar o homem a extremos em suas condições como fez com o filho pródigo a fim de fazê-lo alcançar o arrependimento, Deus pode preferir sacrificar o seu corpo para que sua alma seja salva do castigo eterno.
A Sra. Huntington cumpre de forma extraordinária o seu papel de esposa, honrando o compromisso que fez diante de Deus na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Em um mundo em que as relações são tão descartáveis uma atitude nobre como essa pode chocar pela aparente “injustiça” de ela ter de cuidar dele depois de tudo que ele fez, mas também choca por uma verdadeira demonstração do que é o amor.
Como podemos basear o amor em sentimentos se eles podem mudar de uma hora para outra? Como poderia o amor se resumir a sensações, desejos e sentimentos tão voláteis e pequenos, não, o amor não pode ser somente isso, tem que ser algo mais profundo e admirável deve haver um sentido maior.
O ato da Sra Huntington não me parece utopia mesmo considerando nossa atualidade, apesar de escrito a tantos anos em uma época em que esse tipo de atitude não chocava tanto como hoje em que o conceito é : seja feliz a qualquer custo, pense na sua felicidade, não desperdice sua vida por alguém que não merece, seja feliz.
Conversando com uma amiga sobre esse assunto ouvi relatos de mulheres que também já fizeram isso por maridos, ex-maridos, familiares e pessoas que não souberam dar o valor que elas mereciam porque eles só podiam dar aquilo que conheciam ou que tiveram. É preciso muito esforço para dar a alguém algo que você nunca teve.
Voltando a questão do verdadeiro amor, é impossível para quem o conhece não compreender que o amor é uma pessoa JESUS. Quando Cristo veio a esse mundo e passou por tudo que passamos, morreu na cruz por nós para pagar a nossa dívida ele resumiu o amor em uma atitude e não em um sentimento, ele resumiu o amor em uma decisão AMAR independente do que receberia em troca.
Porque se o amor fosse realmente movido por um sentimento então seria impossível para Jesus fazer o que ele fez. Jesus não morreu e amou apenas aqueles que o adoravam, respeitavam e o tratavam bem, ele amou cada um daqueles que o maltrataram, cuspiram e o humilharam, ele morreu por amor a cada mentiroso, idólatra, adúltero, pedófilo, assassino, prostituta e muitos outros que o mundo receberia posteriormente.
E quanto a nós? Ao aceitarmos Jesus como nosso senhor, ao receber Deus como nosso pai somos convocados a viver nesse mundo como o seu filho viveu. Em um mundo que acredita que Jesus morreu para te fazer feliz a Bíblia revela uma outra faceta desse Deus quando ele diz:
“Felizes são vocês quando, por minha causa, sofrerem zombaria e perseguição, e quando outros, mentindo, disserem todo tipo de maldade a seu respeito.
Alegrem-se e exultem, porque uma grande recompensa os espera no céu. E lembrem-se de que os antigos profetas foram perseguidos da mesma forma.”
Mateus 5:11,12
“Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo’ e odeie o seu inimigo.
Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem por quem os persegue.
Desse modo, vocês agirão como verdadeiros filhos de seu Pai, que está no céu. Pois ele dá a luz do sol tanto a maus como a bons e faz chover tanto sobre justos como injustos.
Se amarem apenas aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os cobradores de impostos fazem o mesmo.
Se cumprimentarem apenas seus amigos, que estarão fazendo de mais? Até os gentios fazem isso.
Portanto, sejam perfeitos, como perfeito é seu Pai celestial.”
Mateus 5:43-48
Depois de ler esses versículos , lembrar das atitudes de Hellen no final da vida do seu marido não deveria “chocar” nem um pouco. Pelo sentimento dela ela jamais estaria ao lado dele nesse momento, mas por conhecer e temer a Deus verdadeiramente e entender o que é o amor, ela se submete a essa situação até o último segundo da vida do seu marido, tentando de todas as formas possíveis ajudá-lo a se arrepender e encontrar a Deus..
É triste ver que nem diante da morte ele consegue se arrepender e para quem ler o livro vai identificar que até continua sendo egoísta, humilhando a esposa. Conforme as escrituras dizem o salário do pecado é a morte e no caso dele foi isso que aconteceu literalmente, o que me faz lembrar da história de Abigail e Nabal. Deus é amor, mas também é justiça e aqueles que insistem no pecado e no mal, o Senhor não tem outra alternativa a não ser agir com juízo.
Se somos chamados a ser luz do mundo e sal da terra, a viver como ele viveu porque não passaríamos pelo que ele passou? Entendi que é necessário compreender e VIVER o verdadeiro amor com todas as renúncias e glórias que ele envolve se queremos ser chamados filhos de Deus e a história dessa mulher foi um bom exemplo disso.