Interestelar: Paternidade; Escolhas e Caminhos!

Faz algum tempo que assisti a um filme que chamou muito minha atenção, tanto que assisti umas três vezes em um final de semana e tive algumas reflexões interessantes, na época ainda não tinha criado o blog então não escrevi nada sobre, mas essa semana me apareceu uma notícia interessante cujo título era: “Interestelar: roteiro original poderia ter arruinado filme; entenda!” ao ler essa postagem, lembrei do filme, das reflexões e logo pensei: “será que Deus esta me trazendo isso para escrever o que não escrevi?” Sendo assim, aí vão algumas análises sobre o filme sob as óticas paternidade; escolhas e seus caminhos – LEMBRANDO DOS SPOILERS INEVITÁVEIS-.

Interstellar (no Brasil, Interestelar) é um filme anglo-americano de ficção científica dirigido por Christopher Nolan e estrelado por Matthew McConaugheyAnne HathawayJessica Chastain, Bill Irwin, Mackenzie FoyMatt DamonJohn Lithgow e Michael Caine. Ele conta a história de uma equipe de astronautas que viaja através de um buraco de minhoca à procura de um novo lar para a humanidade. Pragas nas colheitas fizeram a civilização humana regredir para uma sociedade agrária em futuro de data desconhecida. Cooper, ex-piloto da NASA, tem uma fazenda com sua família.

Murphy, a filha de dez anos de Cooper, acredita que seu quarto está assombrado por um fantasma que tenta se comunicar com ela. Pai e filha descobrem que o “fantasma” é uma inteligência desconhecida que está enviando mensagens codificadas através de radiação gravitacional, deixando coordenadas em binário que os levam até uma instalação secreta da NASA liderada pelo professor John Brand. O cientista revela que um buraco de minhoca foi aberto perto de Saturno e que ele leva a planetas que podem oferecer condições de sobrevivência para a espécie humana. As “missões Lázaro” enviadas anos antes identificaram três planetas potencialmente habitáveis orbitando o buraco negro/Gargântua: Miller, Edmunds e Mann – nomeados em homenagem aos astronautas que os pesquisaram. Brand recruta Cooper para pilotar a nave espacial Endurance e recuperar os dados dos astronautas; se um dos planetas se mostrar habitável, a humanidade irá seguir para ele na instalação da NASA, que é na realidade uma enorme estação espacial. A partida de Cooper, entretanto devasta sua filha Murphy.

O que você faria se tivesse em suas mãos a oportunidade de salvar a sua família da morte além do restante da humanidade? O que faria se soubesse que a geração dos seus filhos será a ultima a sobreviver e há uma oportunidade mesmo que pequena de mudar os rumos dessa historia e VOCÊ pode ajudar, porém, precisa decidir por um caminho que envolve renúncia e total incerteza.

O protagonista desse filme Cooper se deparou com essa situação, sua ânsia por salvar sua família e por fazer algo maior com sua vida o levou a decidir por um caminho, o que ele não sabia assim como é o que nós também não sabemos diante das escolhas que surgem em nossa vida é que cada escolha que fazemos envolve ganhos e perdas, erros e acertos, uma escolha pode mudar completamente a sua vida e das outras pessoas que fazem parte dela, então, como lidar com essas escolhas e suas consequências é a grande questão.

Durante essa viagem interestelar os tripulantes dessa missão passaram por várias situações em que tiveram que fazer escolhas, cada uma levava a um caminho que foi se tornando cada vez mais difícil e desafiador, quando se esta no meio de um processo é complicado mensurar os ganhos, infelizmente só conseguimos enxergar as perdas.

À medida que acompanhamos o filme e a jornada dos personagens diante das escolhas, dos caminhos que eles tiveram que decidir sem saber o que iriam encontrar, ficamos apreensivos e torcendo ao mesmo tempo para que dê certo, quando as escolhas dão errado permanecemos do outro lado da tela pensando: e se eles tivessem decidido isso, aquilo não teria acontecido, se o Cooper tivesse ouvido a Amélia naquele momento o que aconteceu depois não teria acontecido, se eles não tivessem insistido no erro tal não teriam perdido tanto tempo. Enfim, só assistindo o filme para entender melhor.

O que não sabemos é que ao final do filme percebemos que a história de Cooper e os demais personagens da trama chega a um desfecho e muitas coisas que antes não faziam sentido algum agora fazem todo sentido.

O questionamento passa de e se eles tivessem escolhido diferente não teriam passado por isso para e se eles não tivessem vivido cada parte desse processo, com cada escolha seja boa ou ruim do jeitinho que foi o final teria sido o mesmo? O propósito teria sido alcançado? Sinceramente eu creio que não. Às vezes o que achamos que é uma escolha ruim hoje, seja nossa ou das pessoas que fazem parte da nossa vida, na verdade é a escolha certa para chegar onde é necessário chegar.


Ao final do filme a humanidade foi salva? Foi! Contudo, o preço que foi pago foi bastante alto, com muita dor, renúncia, perdas, mas quando Cooper olhou para tudo depois de concluído tenho certeza que ele pensou VALEU A PENA. A partir desse contexto é impossível não se lembrar de Jesus e o sacrifício da cruz.

Condenado injustamente foi levado embora. Ninguém se importou de ele morrer sem deixar descendentes, de sua vida ser cortada no meio do caminho. Mas ele foi ferido mortalmente por causa da rebeldia do meu povo.
Não havia cometido nenhuma injustiça e jamais havia enganado alguém. Ainda assim, foi sepultado como criminoso colocado no túmulo de um homem rico.
Fazia parte do plano do Senhor esmagá-lo e causar-lhe dor. Quando, porém, sua vida for entregue como oferta pelo pecado, ele terá muitos descendentes. Terá vida longa, e o plano do Senhor prosperará em suas mãos.
Quando ele vir tudo que resultar de sua angústia ficará satisfeito. E, por causa de tudo que meu servo justo passou, ele fará que muitos sejam considerados justos, pois levará sobre si os pecados deles.
Eu lhe darei as honras de um soldado vitorioso, pois ele se expôs à morte. Foi contado entre os rebeldes; levou sobre si a culpa de muitos e intercedeu pelos pecadores.

Isaías 53:8-12

Agora analisando as escolhas sob a perspectiva da Murphy filha do Cooper, podemos ver que a decisão do pai foi devastadora para ela, já havia perdido a mãe por uma doença, e agora se via perdendo o pai de certa forma, que estava indo sem saber quando voltaria e para uma criança de 10 anos não e fácil ainda mais sabendo que se tratava de um super pai como ele demonstrava ser no início do filme.

Após a partida de Cooper, Murphy teve no Sr. Brand de certa forma essa figura paterna, ela agora passaria a estudar e se tornaria uma cientista da NASA tentando ajudar a resolver a equação que permitiria na teoria o lançamento de uma enorme estação espacial usando a gravidade e transportando e salvando milhares de pessoas do agora planeta Terra em deterioração.

Interessante como as escolhas dos nossos familiares, das pessoas que deveriam nos proteger podem na verdade nos devastar em um primeiro momento e nesse contexto não tem como não se lembrar de José e as escolhas egoístas dos seus irmãos. Por ciúme e inveja eles o venderam como escravo para comerciantes ismaelitas.

Jacó amava José mais que a qualquer outro de seus filhos, pois José havia nascido quando Jacó era idoso. Por isso, certo dia Jacó encomendou um presente especial para José: uma linda túnica. Os irmãos de José, por sua vez, o odiavam, pois o pai deles o amava mais que a todos os outros filhos. Não eram capazes de lhe dizer uma única palavra amigável.

Gênesis 37:3,4

Assim, quando José chegou, os irmãos lhe arrancaram a linda túnica que ele estava usando, o agarraram e o jogaram na cisterna vazia, ou seja, sem água.
Mais tarde, quando se sentaram para comer, viram ao longe uma caravana de camelos vindo em sua direção. Era um grupo de negociantes ismaelitas, que transportavam especiarias, bálsamo e mirra de Gileade para o Egito.

Gênesis 37:23-25

Então, quando os ismaelitas, que eram negociantes midianitas, se aproximaram, os irmãos de José o tiraram da cisterna e o venderam para eles por vinte peças de prata. E os negociantes o levaram para o Egito.

Gênesis 37:28

Uma escolha tomada em um momento de pura emoção tendo por base os piores sentimentos possíveis e que mudaria completamente a vida de José pelos próximos no mínimo 13 anos.

Poderíamos pensar e se Jacó não tivesse dado aquela túnica a José que provocou o ciúme nos irmãos, e se José não tivesse contado o seu sonho para os irmãos? E se os irmãos não tivessem vendido José para o bando de ismaelitas? O que teria acontecido? Acredito que no meio do processo como escravo, sendo humilhado, maltratado, forçado a trabalhar daquela forma, traído e enganado, longe do pai que tanto o amava, Jose deve ter se feito muitas perguntas como essas, e se? Mas ao final de todo o processo agora sob a ótica do Deus a quem ele servia e honrava, José podia enxergar tudo de forma completamente diferente.

Quando José foi levado para o Egito pelos negociantes ismaelitas, eles o venderam a Potifar, um oficial egípcio. Potifar era capitão da guarda do faraó, o rei do Egito.
O Senhor estava com José, por isso ele era bem-sucedido em tudo que fazia no serviço da casa de seu senhor egípcio. Potifar percebeu que o Senhor estava com José e lhe dava sucesso em tudo que ele fazia.

Gênesis 39:1-3

Por mais injusto e doloroso que seja o processo que se está vivendo em algum momento de nossas vidas assim como a Murphy, José, eu ou você uma coisa é certa com o Senhor ao nosso lado podemos vencer e passar por qualquer coisa. E com absoluta certeza sairemos mais fortes e prontos para viver o que Deus preparou para nós.

O trecho abaixo evidencia outra fase da vida de José, depois de longos 13 anos vivendo como escravo, depois prisioneiro, agora ele é o Governador do Egito, algo que nunca imaginou que poderia acontecer, pois assim é o agir de Deus, ele faz além do que pedimos ou pensamos e nesse ínterim ele reencontra seus irmãos e precisa enfrentar o passado e os caminhos que o levaram até esse momento.

José não conseguiu mais se conter. Havia muita gente na sala, e ele disse a seus assistentes: “Saiam todos daqui!”. Assim, ficou a sós com seus irmãos e lhes revelou sua identidade.
José se emocionou e começou a chorar. Chorou tão alto que os egípcios o ouviram, e logo a notícia chegou ao palácio do faraó.

Gênesis 45:1,2

“Cheguem mais perto”, disse José. Quando eles se aproximaram, José continuou: “Eu sou José, o irmão que vocês venderam como escravo ao Egito.
Agora, não fiquem aflitos ou furiosos uns com os outros por terem me vendido para cá. Foi Deus quem me enviou adiante de vocês para lhes preservar a vida.
A fome que assola a terra há dois anos continuará por mais cinco anos, e não haverá plantio nem colheita.
Deus me enviou adiante para salvar a vida de vocês e de suas famílias, e para salvar muitas vidas.
Portanto, foi Deus quem me mandou para cá, e não vocês! E foi ele quem me fez conselheiro do faraó, administrador de todo o seu palácio e governador de todo o Egito.

Gênesis 45:4-8

Esse olhar de José sobre tudo que aconteceu com ele é humanamente impossível de ter sozinho, só uma pessoa que caminha com Jesus tempo suficiente para conhecê-lo e entender como ele trabalha consegue ter essa visão. Ele entendeu que tudo que ele passou e viveu era necessário para chegar exatamente onde ele estava agora.

José reconheceu em Deus à paternidade celestial que diferente da paternidade terrena sujeita a erros e falhas inerentes a humanidade, a paternidade de Deus é perfeita, quando José se viu sozinho sem sua família ele viu que tinha exatamente quem sempre esteve e sempre estaria ao seu lado – Deus- e o seu caráter foi forjado e moldado a maneira de Deus.

Nesse momento em que ele chora em alta voz é possível imaginar que um filme deve ter se passado em sua mente de tudo que ele viveu e ali ele coloca para fora toda a dor que viveu, logo depois faz essa declaração tão forte para os irmãos não se culparem pelo que aconteceu, mas entenderem que foi Deus que permitiu e planejou tudo isso, os olhos dele se abriram para enxergar além da dor e do que fizeram com ele.

Foi exatamente o que aconteceu com a Murphy no filme, em determinado momento  ela atinge a mesma idade que o pai tinha quando saiu para a missão, ele já estava a anos sem mandar  mensagem, o contato com a nave deles havia sido perdido e devido a diferença de tempo que enquanto para ele tinha se passado horas na Terra haviam se passado anos.

Murphy resolve enviar uma mensagem para ele e dizer que durante todos esses anos nunca quis mandar uma mensagem porque decidiu viver dessa forma achando que era o melhor, a dor e a mágoa dela eram tão grandes pelo pai ter ido embora que ela resolveu fingir que estava tudo bem. Contudo, nesse aniversário que o pai antes de sair havia dito que talvez quando ele voltasse teriam a mesma idade e ela percebe que ele não volta, é que finalmente ela decide fazer o vídeo e colocar para fora toda a raiva que estava sentindo, toda a dor e curiosamente a partir do momento que ela chora e trás para luz a dor dela, os olhos dela começam a se abrir para compreender coisas que antes ela não entendia e que na verdade foram a chave para que ela chegasse as respostas necessárias para o cumprimento da missão.

Murphy entendeu de forma sobrenatural que na verdade o pai dela sempre esteve ali, ajudando, enviando sinais, pistas do que ela deveria fazer e cada escolha que ele fez por mais difícil e terrível que possa ter parecido, na verdade foi o que fez ela se tornar uma grande cientista levando-a ao lugar que ela deveria estar para cumprir uma grande missão como podemos ver ao final do filme. É incrível ver como as coisas se desenrolam em um final lindo e surpreendente.

O tempo “perdido” nessas duas histórias não tem como reverter isso é fato, mas o que foi construído nesse tempo não tem preço. É lindo que nas duas histórias tanto Jacó teve o privilégio de ver seu amado José cumprindo a missão dele quanto Cooper também teve a chance de ver ao final sua filha ter cumprido a missão dela vivido uma vida longa e feliz com uma linda família.

Será que realmente as escolhas aparentemente ruins de hoje não deveriam ter sido tomadas? Ou será que na verdade tudo deveria ter acontecido exatamente como aconteceu? Para quem está no meio do processo talvez seja difícil de compreender, mas olhando para essas histórias fica o sentimento de esperança para quem ainda não chegou ao final da sua história de que vai valer a pena cada decisão seja certa ou errada, cada renúncia, cada perda, cada lágrima quando tudo tiver sido encaixado por Deus o grande arquiteto e PAI da nossa vida.

A paternidade de Deus cura todas as feridas que a paternidade terrena pode ter causado, que as escolhas que as pessoas que você ama tomaram e te leva a compreender e ver além da dor para um horizonte de paz em que a sua vida pode ser o livro que Deus está escrevendo, a historia de uma grande missão que não é sobre você, é sobre ele e todas as vidas que ele quer salvar e libertar. Deixe Deus escrever a sua história do jeito dele e da forma dele sabendo que ao final você receberá as honras de um soldado vitorioso. 

Interestelar: Paternidade; Escolhas e seus caminhos!
Interestelar: Paternidade; Escolhas e seus caminhos!

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